sábado, 16 de maio de 2009

JOVINA

Humberto Ilha

Era preferível haver-me negado conhecer aquele quadro negro de paixões andando à solta na vida daquela criatura. Mulher vigorosa, ela parecia uma terneira distribuindo guampaços para unhar a vida. Ora chifrando um, ora escornando outro, mas sabia capitular diante da bondade das pessoas.

Concedendo-me deambular no limite do que se passa na cabeça dos outros, ouso abrir a mufla da vida de pessoas como Jovina que desde novinha nunca possuiu algo. Cabocla, pouco menos que bugra, há muito trabalhava como sempre fizeram os irmãos e os pais: para os que possuíam, mas ela nem queria nada. Os que moravam bem tinham casa e família. Família, cismava, não queria mais que isso.

Vestir, dar de comer, dar banho, de comer de novo. Enquanto isso, os olhos fechados, via a família e os filhos; só dois ela via. Sem nomes ainda, mas eram os meninos dela. E novamente fechava os olhos para vê-los chamá-la de mãe.

E, no esvair do tempo, assim passavam os dias da moça; dias não, anos. Anos que escorregavam no ralo da pia da cozinha; na pia do tanque de roupa suja, nos pratos por lavar, na comida que sobrava para guardar, no tanto de crianças que não acabava nunca para Jô sonhar com as delas. Não se importava com as roupas usadas que recebia de bom grado da patroa.
— Você — diziam — é como se fosse da família.
Também não se importava de almoçar depois, de não ser levada junto nos passeios, de dormir num quartinho improvisado perto da cozinha e de nunca ter tido uma festinha de aniversário; como as pessoas normais. Só sentia doer a alma à noite, no quarto que lhe acolhia os pensamentos mais íntimos e mais absurdos. E perdida em pensamentos adormecia e sonhava em ter algo também. Ousava, em sonhos recorrentes, ter uma família para si. Não era dona de nada. Só de um sorriso lindo. Ah, o corpo rijo e bonito também era dela. Era? Era. Então resolveu que tinha direito de fazer dele o uso que achasse melhor.

Desde adolescente sabia o quanto era desejada. Sabia mais, que havia falta de carne fresca nos becos escuros. Mas, enveredar-se por esse caminho? Sim, por que não? A lógica da jovem era indecorosa, tanto que, quando censurada, retrucava sem remorso:
—A vida é assim... Ponto!
Rodar bolsa no cais do porto era-lhe fácil. Quase natural, a julgar pelo tratamento que recebia dos que dela se aproximavam. Vinha-lhe do lado escuro da alma esse projeto que foi se ampliando. Não demorou nada e apareceu-lhe vasta freguesia. Reclamando-lhe uma chance, a moça identificava Antenor, o pardavasco mais atento e sedutor dos arredores; um mestre em se travestir de posseiro do corpo das desatentas. Era o mais veemente quando reclamava o direito que julgava possuir sobre o corpinho da moça. Jô sabia que discutir com aquele homem era inútil. Uma porque ele, já morrendo de amores por ela, não escutava ninguém. Outra porque ela, também já vivendo de amores por ele, não se dava ouvidos às próprias palavras. O caso dos dois era um desses difíceis de administrar. Pudera! Um casado e uma vendida. Um clássico do folclore mundial. Quando ela reclamava presença e segurança, ele desconversava.
— Foge comigo Antenor?
Ele respondia com a cabeça que sim, mas em seguida fazia uma figa como a desfazer-se da promessa. Fugir com ela? Nem pensar! Dias depois voltava cheio de confiança no próprio taco. Também, ela jamais trepidava em aceitar os convites daquele estivador que tinha irretocável argumento para manter tudo como estava. Mas não era só isso; tinha uma pegada que as mulheres adoravam. Por certo Antenor não merecia a confiança nele depositada pela moça, que tinha clara idéia da esperteza dele. Contudo, deixava sobrevir-lhe as artimanhas dele porque ela mesma não se entendia. Ficar com um sujeito comprometido, quando tantos havia que a quisessem. Isso não lhe parecia certo, mas também não lhe parecia errado. Admitia, internamente, estar em dúvida. Sofria vendo-se estática, como uma boneca de louça, diante do céu e do inferno. Dividida, considerava corretas ambas as alternativas. Não sabia o que fazer. Perdida na mata escura, ela negava-se a caminhar naquele terreno desconhecido. Sobressaltava-lhe o temor, a covardia e a fraqueza. Na visão de todos, ali se desenhava, com firmeza, a luta entre a razão e a paixão. Por certo havia ali uma promiscuidade entre a ficção e a realidade. Mas era nessa hora que ela mais tinha noção dela mesma. Quando estava com Antenor, tudo era mais simples e ela experimentava o céu. Mas, se ele tirava o time, ela mergulhava de cabeça no caldeirão de enxofre. Ferida de morte por paixão inexprimível, há tempos Jovina escolhera estar no paraíso, desse no que desse. Queria o Noca também para si. Não podia viver sem a presença daquele homem, que lhe dava sustança à alma de mulher calejada no pior. Ao buscar o prazer próprio, Jô revelava-se uma mulher moderna, mesmo com vinte anos por fazer. Ia à luta sem remorsos. Entretanto, em matéria de moralidade ela era uma vergonha. Ela e o Antenor, que era casado e vivia bem com a patroa. Ele era outro que não entendia o que com ele se passava. Amava a esposa, mas não podia ver rabo de saia. Dava um duro fora do comum para não ficar devendo no armazém. E só. Ao resto, tudo se lhe permitia: jogo pesado, farra, bebida e mulheres... Aos dois, de nada adiantavam as advertências que lhes davam os amigos. Eram refratários, parece, ao aprendizado pelo viés dos bons conselhos. Que passasse o tempo, e um dia ambos seriam redimidos pelas dores que, por certo, as conseqüências lhes trariam. Vale dizer, seriam resgatados pela aflição, pregados na cruz. Aliás, por menos não é que a alegoria cristã seja tão eloqüente.

Depois de dormir duas semanas entre as pilhas de madeiras no trapiche, Jovina foi morar no porão da casa de dona Nina, uma gorducha mulher que não admitia aquela vida para a moça. A nova amiga era também uma pessoa daquelas que tinham coisas. Casada com um marinheiro, vivia meses a fio só com os três filhos. Ia fazer de Jovina uma companhia. Nas primeiras semanas, deu-lhe cama e comida. Depois a jovem começou a se virar. Com o dinheirinho que arrumava adquiria coisas também. Ou melhor, coisinhas. Uma cama patente, um armário, um rádio, um fogareiro a querosene, louças, talheres e até um espelho decorado. Nina nunca perguntou o que a outra fazia para cavar a sua vidinha. Até o dia em que, à noite, Jovina começou a chorar desconsoladamente. Soubera que estava grávida. Agora tudo se esclarecia, mas a amiga lhe deu amparo e compreensão mais do que nunca. A mãe de Nina, parteira açoriana que achava solução para tudo, sugeriu que a jovem haveria de ter um homem para ganhar amparo definitivo. Para ela e para a criança que iria nascer.

Quando o navio Pernambuco voltou, Jovina ficou novamente com um velho freguês, o Demerval. Explicou que estava grávida dele. O velho, como ela o chamava carinhosamente, era um senhor grisalho, calmo, charmoso, mansinho, pele clara, olhos azuis, casado e do Rio de Janeiro. Não era lá um galo de raça, mas servia. O homem não se esquivou da paternidade. Pelas contas que fez, bem podia ser o pai. Mais velho que ela quarenta e dois anos, ficou louco de feliz. Já um sexagenário, comemorava, ainda dava no couro. Jô deu à luz uma graça de menino. Demerval solicitou que ela parasse de se virar no cais. Em compensação, todo mês mandaria dinheiro para ela se manter e à criança. Pediu mais, que não saísse do porão arrumadinho da casa da amiga. Que lá ficasse até que a proprietária não mais o permitisse. O velhinho aparecia ali uma vez por ano. Mas quando vinha ficava um mês inteiro. Passeavam, iam ao cinema, ao centro da cidade, à feira, ao armazém. Ela fazia dele um rei, a notar pelo sorriso residente no rosto daquele marujo castigado pelo sol em mar aberto. Não devia ser feliz com a primeira-dama, a julgar pela mágoa transparecida nas entrelinhas de sua conversa. Amava aquela menina, de verdade. E Jovina tinha o sonho realizado, uma cria de si.

Embora curtisse muito a presença do velho e não mais precisasse se virar para se manter, seu corpo voraz de desejo esganiçava ardente naquele porão solitário. Demerval se revelara sossegado demais para o incêndio que era ela. Tinha sonhos recorrentes com Antenor. Via-se nos braços do mulato até quando ia lavar as fraldas do bebê. Sua indigência amorosa punha-lhe um braseiro no peito. Parece que o sacana do Noca tinha-lhe colocado mandinga. Tanto era o tormento, que Jovina deixou de sorrir. E logo o sorriso, seu mais forte atributo físico. Viu-se ante a necessidade de ceder. Só foi encher-se de luz novamente quando não mais suportou a pressão e deixou que se lhe alcançasse a tentação insana. Caiu novamente nos braços de Antenor. De lembrar que quando leopardos acasalam, a intensidade ecoa na floresta. Contente, advinha-lhe a certeza de merecer a felicidade com aquele homem proibido, mas nem tanto. Não era isso o que pensava a esposa traída, picada pela muriçoca do ciúme. Sabia de tudo e rogava praga nas costas da rival. O marido lhe era infiel porque “a vagabunda não respeitava a família de ninguém”. E logo Jovina, que tanto almejava uma.
— Se essa piranha fosse decente, esbravejava a atraiçoada, meu lar teria uma chance. Homens traem porque algumas rameiras facilitam o achegamento.

Jô deitou e rolou com Noca até faltar-lhe o incômodo mensal. Analfabeta, pediu que Nina escrevesse uma carta para o velho. Estava grávida dele novamente. A amiga do peito relutou em fazê-lo, pois não gostava de trapaça.
— A mentira, dizia, é cria do rabudo.
Ainda assim, a carta foi e, de volta, chegou um telegrama informando que seguiria mais dinheiro para os gastos que ela haveria de fazer com o enxovalzinho, o berço e a farmácia.
As doloridas contrações do parto vieram numa noite chuvosa. Já mulher feita, tinha uma rusticidade tal que ela mesma fora buscar a parteira. Anna, tinha acabado de chegar de um morro próximo, aonde tinha encaminhado outra parturiente para o procedimento na manhã seguinte. Pediu um tempinho para engolir alguma coisa e matar a fome. Em seguida voltou a pegar a bolsa com os instrumentos de parto e seguiu para o porão de Jovina. Nina esperava com grande aflição as duas mulheres que enfrentavam perigo no meio da noite. Já havia preparado duas bacias com água quente e separado os cueiros de flanela para enrolar o bebê ou o que viesse daquela barriga clandestina. Não esperava sair dali boa coisa. Em seguida, a parteira fez um exame interno para medir a dilatação do colo uterino e decretou que o nascimento era para acontecer naquele momento. Anna estranhou não ouvir Jovina gemer em momento algum. Nem durante o trajeto e nem após a chegada em casa. Então, perguntou-lhe se estava sentindo dor. Jô respondeu que sim. Olhando mais atentamente, Anna percebeu que os lábios da mulher sangravam. Tamanha a dor que Jovina devia estar sentindo. Deu-lhe, a parteira, um valor extra, pois poucas de tanta fibra haviam passado por suas mãos. A experiente mulher tratou logo de encaminhar os trabalhos, não sem antes pedir proteção celestial:
— Nossa Senhora da Guia, orou de olhos fechados, ide a Deus e trazei socorro a essa mulher. E depois guiai minhas mãos para serem instrumentos do vosso zeloso querer. Amém.
Fez um gesto com as mãos calçadas em luvas, como a expô-las à vista da santa. Jovina acompanhou a prece, mas desejou que a Cabocla Jurema ali também se fizesse presente, pois outra era a fé que professava. Em vinte minutos nasceu mais um menino, perfeitinho, como no sonho. A parteira ficou espantada diante daquele mulatinho chorão. Não podia ser filho do Demerval. Jô percebeu que algo havia saído errado, pediu para ver a criança e também ficou passada. Olhou fixamente nos olhos da parteira e balbuciou algo como “Putz”.
Quando Jovina se recompôs a resposta foi automática:
- É do Noca, dona Anna.
- Juízo, rapariga. É do Demerval e não se fala mais nisso, decretou a mulher.
Em seguida ao nascimento, a velha senhora isolou e cortou o cordão umbilical a uns três centímetros do ventre do bebê, para depois colocá-lo no seio da mãe. Por último, realizou as manobras de expulsão da placenta, das membranas fetais e procedeu a revisão do trajeto do parto. Tudo estava bem.
— Nina, disse à filha, faça uma canja de galinha para ela e cuida-lhe o resguardo. Virei todos os dias até cair o umbiguinho.

E agora? O que dizer ao velho? Anna disse a ela que a lambança já estava feita e que o jeito era deixar o tempo passar. Tinha sido infiel e disso jamais se livraria. O que havia feito ficaria para sempre guardado na escuridão e esperando por ela, Jovina.

Demerval nunca mais apareceu ali. Uns diziam que tinha se aposentado. Outros que havia falecido. Pode ser, mas é quase certo que ele havia feito uma conta e não conseguia fechá-la. Nem ele e nem Antenor que, volátil, também sumiu. O que restou de Jovina desceu ladeira a baixo e sem freios.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

PARA SER ALGO QUE PRESTE

Humberto Ilha
Antônio ficava surpreso quando percebia o entusiasmo na voz do senhor Arno ao se referir à própria esposa. Olhava-o com respeito e, mesmo sem conhecê-la, era capaz de jurar que a alma da senhora Hertha alimentava-se de algo invisível, mas intuído como sublime e superior. Quase adivinhava as atitudes nobres que lhe norteavam a convivência com as pessoas. O marido afirmava ser ela uma pessoa metódica, de tocar violino diariamente. Entretanto, há um bom tempo vinha sentindo que o instrumento estava diferente. Tratava-se de um Guarnieri del Gesù que lho doara o pai há mais de oitenta e dois anos.
— Senhor Antônio, minha esposa achou por bem trocar as cordas deste violino porque estão produzindo leve desafinação. Pede ainda que as troque por cordas de titânio, que são mais próprias.

O luthier examinou o instrumento e percebeu que as cordas estavam em bom estado, pedindo que o homem viesse buscá-lo depois de amanhã. Deduziu que a senhora estava ficando sem força nos dedos já cansados para pressionar as cordas. Ao invés de trocá-las apenas desbastou um pouco a base do ponticello, onde a cordoalha se apoiava. Fez uma marca secreta para identificação futura, experimentou e colocou-o de volta na caixa; som perfeito.

No depois de amanhã marcado o homem foi buscar o violino. Conversando, o artesão ficou sabendo que o freguês lutara na Divisão Blindada de Rommel e que disso se orgulhava. Antônio mencionou um cliente que também lutara na mesma unidade: um tal Zé Kist; Zehb Kist, corrigiu o ancião. “Mora aqui, mas faz anos que não o vejo”. Como era perto do meio dia pediu licença para ir embora.
— Quanto lhe devo pelo serviço, senhor Antônio?
— Não vou fazer preço, pois nem troquei as cordas. Somente abaixei um pouquinho o cavalete para que sua esposa toque com menos esforço.
Então o homem gratificou-o com uma nota de cinqüenta.
— Muito obrigado, Senhor Antônio; o senhor é um homem honesto.
— Honestidade é obrigação, seu Krueger.

Passado um tempo, o alemão voltou com outro incomum Guarnieri para dar jeito na afinação.
— Senhor Antônio, minha esposa desconfia que este também tenha o mesmo problema daquele outro. O senhor pode verificar isso?

Pedindo-lhe que voltasse depois de amanhã, o artesão procedeu da mesma forma e nada quis cobrar, quando solicitado a fazer preço no trabalho realizado. O que recebera da primeira vez estava bem pago. Mas o homem gratificou-o com outra nota de cinqüenta.

Depois de quase um ano o alemão voltou com um dos violinos da esposa. Toninho percebeu ser o da marca feita no cavalete. Mas com um travo de desconfiança notou o homem esmaecido, triste, barbado, magro e com o colarinho puído e sujo por dentro.
— Bom dia seu Krueger, o que houve com o senhor? Nunca mais apareceu...
— Senhor Antônio, minha amada esposa faleceu.
— Oh, meu amigo... Que coisa triste...
— Ela fez a viagem e me deixou — disse com um fio de voz —. Este era o violino dela, que também pertenceu ao pai e ao avô. É um instrumento especial, pois somente uma vez no mês ela o usava para executar uma peça em louvor a Deus Todo Poderoso. É um costume ancestral que me fez prometer continuar. Contudo, não conheço quem mereça possuí-lo. Como o senhor conhece muitos violinistas e demonstrou ser um homem honesto, venho lhe pedir o favor de doá-lo a alguém que assuma o compromisso de minha amada esposa.
— Ora senhor Krueger, como farei para ajudá-lo? Não tenho idéia de quem possa ser digno de possuir um instrumento tão raro e valioso como este e ainda cumprir a tradição de sua família — disse, querendo se livrar do encargo.
— Vou deixá-lo com o senhor, pois tenho pouco tempo de vida.
— Por que diz isso? Está doente?
— Com noventa e dois anos tenho alguma saúde, mas estou deprimido e não quero mais viver sem minha amada companheira. Estou deixando de me alimentar e somente tomando água. Dessa forma aos poucos irei morrendo.

O artesão pensou ligeiro e telefonou para alguém que certamente iria encaminhar o instrumento para boas mãos: o amigo Zehb Kist, que não poderia ir naquele momento porque estava sem alguém para levá-lo. Antônio insistiu, explicando a gravidade da situação do outro. Isso fez que viesse imediatamente num táxi. Quando o outro alemão entrou viu o desanimado viúvo sentado numa cadeira de vime com a cabeça enterrada nos ombros. Antes de se falarem ambos assumiram algo parecido como uma posição militar. O que chegara saudou primeiro.
— Heil! Zehb Kist, Divisão Panzer, Tobruk.
— Heil! Arno Krueger, Divisão Panzer, Argel.
Como se houvessem combinado, Zehb Kist começou a declamar:
— Einigkeit und Recht und Freiheit Für das deutsche Vaterland!
[1]
Sorrindo, o desamparado responde:
— Danach lasst uns alle streben. Brüderlich mit Herz und Hand!
[2]
Zehb Kist insiste declamando:
— Einigkeit und Recht und Freiheit / Sind des Glückes Unterpfand.
[3]
E finalizando, os dois:
—Blüh’im Glanze dieses Glückes, Blühe, deutsches Vaterland / Blüh'im Glanze dieses Glückes, Blühe, deutsches Vaterland.
[4]

Ambos se abraçaram emocionados e iniciaram longo diálogo em alemão. O viúvo foi se acalmando e ganhando brilho na alma. Zeb comprometeu-se a encaminhar o violino para uma pessoa conhecida que daria conta da promessa. Depois chamou um táxi para o irmão de armas.

Antônio quis então saber a respeito do outro; como ficaria, já que decidira não mais viver.
— Fique descansado, homem. Ele garantiu não mais seguir em seu intento. Prometi visitá-lo toda semana.
— Fico feliz com isso, mas o que vocês conversaram logo depois que se apresentaram?
— Na guerra era costume um elevar o moral do outro recitando mutuamente os versos do hino nacional. Com isso ficávamos cheios de esperança e vida para prosseguir na luta. Assim é também na vida, somente seremos algo que preste se vivermos como irmãos.

[1] Unidade e justiça e liberdade para a pátria alemã!
[2] Por tudo isso lutemos irmanados de corações e mãos!
[3] Unidade e justiça e liberdade são a garantia de felicidade.
[4] Floresça esta bênção de felicidade, floresça, ó pátria alemã. / Floresça esta bênção de felicidade, floresça, ó pátria alemã.