quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Vela Olímpica - Classe Laser

Jogos Olímpicos – um sonho em duas partes

O sonho completo não acabou. Só foi adiado por quatro anos.
por Bruno Fontes.

Desde que comecei na vela, sempre tive dois sonhos. O primeiro era participar de uma Olimpíada, representando o Brasil. O outro ainda é subir ao pódio e receber uma medalha. Vinte e um anos se passaram, desde então, contado com o apoio incondicional de família, patrocinadores e amigos. Período de muitas vitórias e de derrotas contra grandes adversários, alguns deles também amigos, que me fizeram evoluir tanto como velejador, como pessoa. A trajetória até a conquista da vaga na classe Laser em Beijing 2008 foi de muito trabalho e abdicações. Um ciclo de quatro anos, desde a derrota para Robert Scheidt, na seletiva para Atenas. Com um dos sonhos garantidos, a meta para a China era a conquista de uma medalha olímpica. Algo que parecia viável, por toda a preparação, pelos meus resultados nas competições e, inclusive, pelo treinamento na semana anterior ao início das classificatórias, já em raias chinesas. Porém, na hora, nada deu certo, e tudo que parecia conspirar ao meu favor durante os treinos, não se repetiu nas regatas. O misto de sentimentos, ao mesmo tempo, de dever cumprido e de frustração foi minha companhia nestes últimos dias. Sei que tentei o meu melhor, mas o 27º lugar desta competição ficou muito aquém do meu objetivo principal, do meu sonho. As condições imprevisíveis foram as mesmas para todos os atletas, mas não foram favoráveis a mim. Por outro lado, sei que, como velejador, não devo nada, em termos de qualidade, a quaisquer de meus adversários. Como todo brasileiro, que não desiste nunca, tento não me abater. Pois em 2012 temos os Jogos Olímpicos de Londres e tenho esta pendência da medalha para ser resolvida comigo mesmo e com o meu País, e, deste modo, completar a segunda parte do meu sonho. Fica como inspiração e incentivo o desempenho das meninas da classe 470 – Fernanda Oliveira e Isabel Swan – que em sua terceira participação individual em Olimpíadas e a primeira como dupla, conquistaram a tão sonhada medalha. O momento agora é de autocrítica, de aferir meus erros e avaliar o que posso melhorar e aplicar isso nos treinos, pois tenho muita água e ventos pela frente. O sonho não acabou. Só foi adiado por quatro anos.

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