terça-feira, 19 de agosto de 2008

Não sei perder

ZELITA
(Humberto Ilha)
Mais uma luz se apaga.
Minha amiga "Zélis" morreu; por aqui está mais escuro.
Nada me faz crer que ela viva em algum lugar, mesmo que tenha sido tão bondosa.
Nada me remete a outro endereço senão o do "Jardim da Paz".
Melhor crer nisso do que me entupir de remédio com prazo vencido.
Minha angústia básica diante da morte merece respeito.
Nada de abraçar a ilusão para continuar vivendo.
Muitas vezes ela me disse:
"Segue em frente, recolhe o caquedo e enfrenta o escuro".
Nada tão verdadeiro.
Credo, como a vida é esquiva, arisca, desconfiada e desertora da gente.
Busco a conformação num enorme silêncio que nada responde.
Clamo pelo deus dos homens, mas ele teima em se esconder.
Então vejo que estou sozinho nesse confronto desigual que é a vida.
Quer dizer: sozinho não! Tenho você, que ainda vive; desaforo!

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